Ombro saindo do lugar é uma condição médica conhecida como instabilidade glenoumeral, caracterizada por episódios recorrentes de deslocamento da articulação do ombro. Para entender melhor, a luxação é o deslocamento da articulação, onde a cabeça do úmero se desloca da cavidade glenoidal. Curiosamente, se usássemos o termo em inglês, “dislocation”, provavelmente seria mais intuitivo para muitos entenderem.
O que Causa o Ombro Saindo do Lugar? Entenda a Instabilidade Glenoumeral
A articulação glenoumeral é formada pela cabeça do úmero e a cavidade glenoidal da escápula. A estabilidade dessa articulação é mantida por uma combinação de estruturas ósseas, cápsula articular, ligamentos e músculos, especialmente o manguito rotador. A instabilidade ocorre quando há um deslocamento excessivo da cabeça do úmero em relação à glenoide, podendo ser classificada em:
- Instabilidade Traumática: Resulta de um evento específico de alta energia, como uma queda ou um impacto direto, que causa deslocamento (luxação) ou subluxação do ombro. Esse tipo de instabilidade é frequentemente associado a lesões como a lesão de Bankart (deslocamento do lábio glenoidal anterior) e a lesão de Hill-Sachs (depressão na cabeça do úmero).
- Instabilidade Atraumática: Caracteriza-se pela ausência de um evento traumático claro e geralmente está relacionada a uma frouxidão ligamentar ou a um uso repetitivo do braço em atividades acima da cabeça. Essa condição é comum em atletas que praticam esportes como natação, vôlei e beisebol.
- Instabilidade Multidirecional: É uma forma de instabilidade que pode ocorrer em múltiplas direções (anterior, posterior e inferior), geralmente devido a uma combinação de frouxidão ligamentar e fraqueza muscular.
Diagnóstico da Instabilidade Glenoumeral
O diagnóstico da instabilidade glenoumeral é feito através de uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico médico, exame físico e exames de imagem.
- Histórico Clínico: O paciente pode relatar episódios de deslocamento ou subluxação, sensação de instabilidade, dor no ombro e limitação funcional.
- Exame Físico: Testes específicos, como o teste de apreensão, o teste de relocação de Jobe e o teste de sulco, ajudam a avaliar a instabilidade e a frouxidão ligamentar.
- Exames de Imagem: A ressonância magnética (RM) e a artrografia por RM são úteis para visualizar lesões associadas, como as lesões de Bankart e Hill-Sachs. Radiografias podem ser usadas para avaliar a posição dos ossos e identificar fraturas.
Tratamento da Instabilidade Glenoumeral
O tratamento pode ser não cirúrgico ou cirúrgico, dependendo da gravidade da instabilidade e das necessidades individuais do paciente.
Tratamento Não Cirúrgico
- Fisioterapia: Focar no fortalecimento dos músculos do manguito rotador e dos estabilizadores da escápula é essencial. Exercícios isométricos, de resistência elástica e de propriocepção são recomendados para melhorar a estabilidade articular.
- Modificação de Atividades: Reduzir ou adaptar atividades que exacerbam os sintomas, como movimentos repetitivos acima da cabeça.
Tratamento Cirúrgico
- Reparo Artroscópico de Bankart: Utilizado principalmente em casos de instabilidade traumática anterior. Envolve a fixação do lábio glenoidal ao glenoide para restaurar a estabilidade articular.
- Procedimento de Latarjet: Indicado para casos de instabilidade recorrente com defeitos ósseos significativos. Envolve a transferência de uma porção do processo coracoide para a borda anteroinferior da glenoide para aumentar a estabilidade.
Para entender melhor confira o artigo completo sobre o tratamento definitivo para instabilidade do ombro: conheça a cirurgia de Latarjet. - Procedimentos de Enxerto Ósseo: Para grandes defeitos ósseos na glenoide ou na cabeça do úmero, enxertos ósseos podem ser utilizados para restaurar a congruência articular.
Conclusões Práticas
A instabilidade glenoumeral, popularmente conhecida como ombro saindo do lugar, é uma condição complexa que exige uma abordagem personalizada para o tratamento. A escolha do tratamento depende de diversos fatores, como a causa da instabilidade, a gravidade dos sintomas e as necessidades funcionais de cada paciente. Quando o ombro sai do lugar com frequência, a fisioterapia é essencial para fortalecer os músculos estabilizadores, enquanto os procedimentos cirúrgicos são indicados para casos que não respondem ao tratamento conservador. A avaliação por um ortopedista especializado é fundamental para definir o plano terapêutico ideal e garantir uma recuperação eficaz.
Referências Bibliográficas
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/5054450